Ao se jogar a palavra empreendedorismo no Google, em um quinto
de segundo são levantadas mais de 10 milhões de páginas relacionadas ao tema. O
termo e outros correlatos, como criação, inovação e ousadia estão entre as
chamadas “habilidades do século 21”. Nesse contexto de crescente importância,
será que os sistemas de ensino estão preparando seus alunos para serem
empreendedores? A resposta dada a essa questão por Michell Zappa, futurologista
da área de tecnologia e que, mais recentemente, tem se dedicado a análises
educacionais, é que não. E isso pelo simples fato de ainda sermos muito
resistentes a uma coisinha fundamental no ato de empreender: o erro.
A aceitação do erro, acredita Zappa, virá
quando uma nova concepção de educação for aceita. Ao traçar uma trajetória de
como a educação evoluiu na história, o especialista ressalta que o primeiro
paradigma que se teve notícia, ainda herança dos gregos, era de uma educação
feita de um (tutor) para um (pupilo), ou um tutor e um pupilo. Esse arranjo,
com a Revolução Industrial, não podia ser tão individualizado, precisava
atender às massas e, por isso, passou ao segundo paradigma: de um (professor)
para muitos (alunos). Agora, o mundo vive um momento de transição em que o
processo de aprendizado passa a ser de muitos para muitos, uma vez que a
informação não tem mais propriedade. “As escolas e os professores não são mais
o repositório do conhecimento”, afirma Zappa.
Para o especialista, esse
novo paradigma traz novos desafios para os professores. Talvez o principal, diz
Zappa, é que eles precisarão ter em seu cotidiano o trabalho da screen literacy. Em
português ainda não há expressão que traduza fielmente seu significado, mas
seria algo como “alfabetização para o uso de telas”. Com a popularização da
internet e de equipamentos sensíveis ao toque, como celulares e tablets – pesquisa divulgada na semana passada aposta que esses
dois aparelhos estarão massivamente presentes em um
ano nas escolas brasileiras –,
os alunos precisarão ter aulas de privacidade e segurança na web. “A habilidade
em lidar com as telas será uma habilidade útil para a vida. E programar
também.”